sábado, 24 de novembro de 2007

Declarações que nos dão razão

A Chapa 2 ao DA de Direito tem insistido em uma tecla relevante: os eventos promovidos pelas gestões dos últimos três anos são de baixíssima qualidade. Para um certo orador da Chapa 01, situação [de calamidade pública], a acusação não procede. No Direito, vocês sabem, provar as alegações é sempre fundamental. Para tanto, o injustiçado situacionista garimpou o exemplo cabal invocando o pedigree do ENED, Encontro Nacional de Estudantes de Direito, prometido para o ano que vem a Caxias. Em edição anterior, prosseguia nosso amigo, houve uma sensacional mesa redonda, capaz de arrepiar prêmio nobel. Participantes? Rui Portanova e Dalmo de Abreu Dallari.

Na sala, repleta de calouros, um suspiro de espanto. E quem são Rui Portanova e Dalmo de Abreu Dallari, além de dois nomes pomposos?
O primeiro já esteve na UCS. Foi durante o EGED. A certa altura do evento, doutor Rui, desembargador do TJRS, recomendou ao público presente: "filiem-se a partidos, sim! Mas partidos de esquerda!". Noutro momento, participando de um fórum sobre “democratização do judiciário” (entenda-se por colocar a pelegada no controle dos tribunais), doutor Rui afirmou que as atuais decisões do Poder Judiciário “repetem a ideologia dominante” e “cometem injustiças com os excluídos da sociedade”. Ao final, sentenciou que, no plano político, era chegada a hora de a esquerda assumir o poder. Clique aqui para conferir.

Portanova é notório seguidor do assim chamado "direito alternativo". Para Reinaldo Azevedo, a expressão não deixa de ser sincera, posto a alternativa ao Direito estar exatamente em sua ausência.
Dalmo de Abreu Dallari, por sua vez, é um ferrenho opositor da livre [e perversa, diria] iniciativa. Estrela um documentário sobre a desprivatização da Vale do Rio Doce, do qual faria uso três vezes o nosso DA "aberto e plural", segundo cronograma, no mesmo semestre. O único debatedor no evento fora candidato a vereador pela juventude petista, e parece não ter apreciado a reação da platéia na primeira exibição.

Dallari é contrário à "concepção individualista de liberdade". Entenda-se: é daqueles para quem o indivíduo não existe, enquanto não cumprir sua "função social" - aqui, um dos termos mais engraçados da alegada ciência jurídica, uma vez que só há Direito em sociedade. Considera natural a ascenção do Executivo sobre o Legislativo, maior intervenção estatal na economia e, vejam só, defende a representação por sovietes (quem tiver estômago, confira seu Elementos de Teoria Geral do Estado). Um primor de virtudes, sem dúvida.

Eventos qualificados? Qual o quê. A atual gestão do DA chama juristas, é verdade, desde que sejam comprometidos com uma mui particular visão de mundo. Desde que estejam dispostos a dar pitacos em política. Desde que os debatedores pensem exatamente as mesmas coisas. Desde que, de fato, não haja debate algum. Não permitem o contraponto. O único debate no qual não houve monólogo, dos promovidos pelo DA, foi sobre a reforma trabalhista, com o professor e ex-ministro Carlos Chiarelli e uma senhora ligada à CUT. Não por acaso, este foi mal divulgado e relegado a horário ingrato. Público mínimo - e hão de culpar o não-esquerdista, apostem.
Bom ressaltar, o evento exemplar para os padrões do DA, aquele dos alternativos, deu-se em Curitiba. Um espelho um tanto distante para mirar-se. A maioria dos alunos do Direito da UCS não tem possibilidade de ir tão longe, pois, como diria FHC, "trabalha e estuda, estuda e trabalha". Muitos têm família. Geralmente, os que vão são os mesmos. Seria esse DA voltado apenas para um filão de alunos? Não, o DA atual não ajuda a qualificar o curso de direito da UCS. Ajuda sim a torná-lo plataforma para exibição de idéias esquerdistas, com seus cartazes de divulgação convidando para caravanas do PT (relembrando um dos abusos que fizeram nascer este Blog de resistência).

Resta saber se a Chapa 01 age movida por hipocrisia ou tão somente é levada pela visão de cabresto à qual se submete. Pelo pedigree que invocam, a hipótese B ganha ponto. Para Dallari, o estatista estatólatra, são injustos os que acusam o unipartidarismo por aniquilar os debates. As discussões continuam a florescer, apenas mudam de local: vão para dentro do partido... capisci?

Texto por Guilherme Macalossi e Leonardo Faccioni

Um comentário:

Edgard Freitas disse...

Existe concepção de liberdade que não seja individualista?


Esse Dallari é um embrulhão. Não existe coletivo livre composto de indivíduos cativos.