O Corredor Polonês das Cotas Raciais

Sabemos como anda o estado das coisas na UCS. Para termos idéia do que podemos vir a enfrentar aqui é bom tomarmos como medida o que acontece na maior universidade do estado, a UFRGS.

Tentou-se aprovar o projeto de criação de cotas naquela universidade. Diferentemente da UCS, na UFRGS ainda pode-se vislumbrar algum movimento de oposição à patrulha petralha. Meu amigo e estudante de Engenharia Mecânica da UFRGS, Mateus Marchioro me envia esse relato do que foi a reunião de votação do projeto de cotas.

Esse relato é um exemplar de como funciona a “pluralidade” e a “democracia” dessa gente “pogrecista”.

Segue o relato de Mateus Marchioro em negrito.

Ato Pró-Cotas em frente a UFRGS

A decisão de implantar ou não o projeto de Ações Afirmativas, leiam-se cotas raciais, na UFRGS é decidido pelo CONSUN ou Conselho Universitário. Este é o órgão máximo de funções normativas, deliberativas e de planejamento da Universidade nos planos acadêmico, administrativo, financeiro, patrimonial e disciplinar, sendo formado pelo reitor e vice-reitor da universidade, diretores das unidades, representantes do DCE, representantes docentes, técnicos administrativos, secretário do estado da cultura, representante da CUT, representante da FIERGS e representante da FAPERGS.

No dia 15 de junho cheguei à reitoria da ufrgs por volta das 08h00min da manhã, a votação estava marcada para começar as 08h30min, enquanto esperava no saguão em frente a sala da votação vi a entrada de alguns CONSUNS da UFRGS e o inicio da manifestação dos pró-cotas.

Os manifestantes pró-cotas que eram por volta de uns 60 no inicio da manifestação eram formados por alguns 20 estudantes 10 lideres religiosos e o restante de manifestante de movimentos negros em sua maioria e grupos indígenas.

O restante do grupo contra cotas raciais chegou por volta das 08h30min quando expusemos nossa opinião através de um megafone (“contra cotas racistas”) os pró-cotas reagiram “seus racistas, ignorantes”. Uma parte dos manifestantes contra cotas ia descendo a escadaria para buscar os outros que estavam no andar de baixo quando um manifestante pró-cotas grita para um dos contra cotas “Tu para com esse teu megafone se não eu vou te arrancar ele, seu asiático Filho duma Pu**” tentei acalmar os ânimos do manifestante falando que cada um defende seu lado enquanto outros manifestantes, pró-cotas, afastavam o afoito manifestante.

Pude conversar com uma manifestante pró-cotas, uma conversa muito amigável e enriquecedora cada um com sua opinião. Enquanto conversava com ela, outros conversaram paralelamente dando opiniões e criticando minha leitura. Não sei, acho que eles têm aversão ao Peter Fry e Yvonne Maggie assim como os de esquerda tem com o Mainardi.

Dada certa hora da manifestação pró-cotas os participantes foram convidados a chegar mais perto da porta da reunião, aos gritos de “vem, vem pra porta vem” eu estava meio longe e no meio daquela confusão que se formou em frente à porta da sala onde os CONSUN se reuniam vejo um cacetete se erguer e uma pasta de couro voar em direção a porta. Alguns manifestantes dotados de microfone tentavam acalmar e chamar o pessoal de volta, mas os manifestantes do se acalmaram quando a segurança foi reforçada.

Com o passar do tempo e ansiosos pela votação os manifestantes pró-cotas voltaram à porta, pois haviam recebido noticias de que a votação seria adiada, com gritos de “ordem” (“Queremos aprovação, senão, OCUPAÇÃO!”, “Com luta, com garra, as cotas saem na marra!”) exigiam a votação e interrompendo a saída dos CONSUNS prendiam os mesmos dentro da sala. Certa hora eu vejo uma movimentação de algumas pessoas que não estavam na porta afoitas, pois pelo que deu a entender havia a possibilidade da policia federal ser chamada. Foi neste momento que os manifestantes com microfones gritavam para que o pessoal saísse da porta. Lideres do movimento pró-cotas fizeram discursos no microfone para que o pessoal da porta se acalmasse, diziam eles “o bom guerreiro sabe a hora de recuar”.

O movimento pró-cotas aceitou a decisão de transferir a data da votação para o dia 29 do mesmo mês, pois se ela ocorresse no dia 15 à derrota das cotas raciais seria eminente, estas palavras foram ditas por um manifestante do grupo pró-cotas no microfone para todos ouvirem e desistirem de impedir a passagem dos CONSUNS.

Foi então que ficou decidido por fazer um corredor polonês para que todos CONSUNS pudessem sair da sala, um manifestante salientava “ninguém encosta em um fio de cabelo”. E assim saíram um por um da sala sendo chamados de racistas, diziam eles “contra cotas raciais, só racista”.

Por Mateus Kliemann Marchioro
Estudante de Engenharia Mecânica da UFRGS