Nota: Relatório será dividido em 2 partes. A primeira conta sobre os eventos do primeiro dia. A segunda, que será publicada no próximo sábado, conta os eventos do segundo dia. Boa leitura.
1° DIA
1° DIA
Imaginem um traço vertical saindo de baixo do primeiro D, na palavra Delegad@. Nesse caso, o @ deve ser usado como A.
Contextualizando o CONEUCS
La estava eu novamente como delegado. Dessa vez para algo um pouco mais político do que técnico. Não que a Assembléia Geral do DCE não tenha sido mais do que uma reunião de compadres para compartilhar as mesmas idéias políticas de sempre. Ao menos naquele caso trabalhávamos com números, com prioridades da faculdade, e mesmo com todo desbotamento esquerdista, existia, sempre, uma maior discordância sobre os rumos que o dinheiro da faculdade deveria tomar, na visão do estudante.
Com o CONEUCS a história é diferente. A despeito de envolver o estatuto do DCE, a atual chapa que comanda a entidade acredita que é hora de abrir o movimento estudantil de Caxias para uma “maior inserção no mundo e na sociedade”. Na minha opinião, quanto mais o movimento estudantil se desligar das questões macro melhor para o movimento e para as questões em si. O problema do movimento estudantil é que sempre esta contra a racionalidade. Age por meio da emoção estúpida. O resultado é reverberar inutilidades. Camufla seus descontentamentos hormonais na pele do proselitismo ideológico. A atual cara do movimento estudantil é assim como um todo, no entanto, hoje ele parece ainda menos racional que o anterior. Se antes suas “lutas”, eles adoram essa palavra, eram baseadas em convicções ideológicas, hoje o movimento estudantil nada mais é do que um braço militante do governismo.
Desde já existe uma anti-afinidade entre o que o movimento estudantil deveria representar e o que hoje representa. Mais os partidos e projetos da base governista do que o estudante em si. O modo de agir da UNE, um tanto cínico, faz com que a lógica da realidade seja deturpada fazendo com que muitos estudantes acreditem que ela age para os proteger. É o que acontece em nossa instância regional com o DCE da UCS.
Propaganda da Desinformação e Isca Mordida
Algumas semanas atrás começaram a aparecer por todo o bloco do Direito, cartazes divulgando o evento CONEUCS, promovido pela gestão Movimentação. Antes da formação da chapa que representaria o curso, dois dos pequenos cartazes foram pendurados pelo bloco 58. Um deles no mural do DA, o outro dentro do próprio. Nada além disso. Cada cartaz sendo do tamanho de uma folha A4, bastante colorido e um tanto pobre em informações. Os únicos dizeres eram “III CONEUCS”, “Congresso de Estudantes da UCS”,“4, 5 e 6 de maio de 2006”, “Diretório Centra de Estudantes – DCE/UCS”. Nada a respeito de sua finalidade. Nenhuma informação de como se daria. Nenhuma indicação de onde seria. O que mais chamava atenção era a graúna na bandeira de primeiro plano. O DA de direito também não se preocupou em divulgar de sala em sala sobre o tal CONEUCS. De acordo com a president@ do DA todos poderiam buscar informações na sala do Diretório. Imagino desde já as longas filas que se formariam para “buscar as informações”. Não seria muito mais prático que algumas pessoas do diretório se ocupassem de informar os demais estudantes sobre os enigmas envolvendo o dito cartaz? Não, certamente que não. O DA atual so passa nas salas pra fazer propaganda de suas jantas. É comum os ver falando: “E não esqueçam que semana que vem terá a festa dos calouros. Vai ser servido galeto, farofa e pão.”. No entanto, divulgar algo da importância de um CONEUCS, que se trata de alterar o estatuto do DCE, resume-se a dois cartazes pobres. Preguiça ou caso pensado? Eu fico com a segunda.
Mais estranho do que isso foi o “lapso” do Diretório em divulgar sobre a eleição e formação de chapas em cima da hora. Em um prazo ínfimo a situação buscou a oposição para tentar unir tendências em torno de uma chapa única que representaria o Curso de Direito no CONEUCS. Em menos de 2 dias deveríamos buscar integrantes para indicar e aceitar ou não a proposta da situação. Dos 11 delegados e 4 suplentes que o curso inteiro teria direito, a proposta da situação, baseada em cálculos proporcionais da última eleição, foi de 7 delegados e 3 suplentes deles e 4 delegados e 1 suplente da oposição. Em breve reunião, que começou atrasada, devido ao compromisso de certos integrantes do diretório com o vício do cigarro, conseguimos, através de negociação limitada, mais um suplente. Devo dizer que baseado na proporcionalidade a proposta me parecia justa. O que me causou estranheza foi a demora da situação em buscar a oposição. Ao que me parece o objetivo de nos procurar tão em cima do prazo era não dar tempo de mobilizar candidatos suficientes para concorrer em uma outra chapa. De certo que o posicionamento de alguns de nossos integrantes era de fato compor com a situação e evitar assim mais uma eleição no bloco. Gonçalo Peter e eu sempre fomos favoráveis em submeter a atual gestão a mais uma desgastante eleição, no entanto, o prazo era ínfimo para compor uma nominata de 15 integrantes. Em um prazo de 2 dias é impossível reunir tanta gente. Nosso problema era não ter o tempo que eles tiveram de agrupar seu pessoal. Daí a importância de o DA divulgar com antecedência o evento para todos os estudantes de direito. Foi vedado ao resto dos estudantes de direito a possibilidade de eles virem a formar uma terceira via. Empurraram goela abaixo do curso inteiro uma chapa única formada em uma reunião divulgada para poucos. A democracia que eles entendem é na base do conchavo com os amigos.
Foi somente então que o DA resolveu divulgar o evento. Com chapa única formada e prazo esgotado para a formação de outras, lembro bem de irmos de sala em sala divulgar não somente a finalidade do CONEUCS, como a finalidade da chapa única. O fizemos por um motivo. Os estudantes não sabiam o que era o CONEUCS. Não sabiam por serem mantidos na completa ignorância do evento. Os estudantes não sabiam da chapa única. Não sabiam por terem sido descartados de informação. Causou-me espanto que nessa hora, e tão somente ai, os integrantes da situação buscarem amarrar a oposição na divulgação do evento. Não é função, senão do DA, de divulgar os eventos. E para divulgar o evento é que caímos em uma pequena arapuca montada: nós permitimos entrar nas salas juntos ao pessoal da situação. Como terá visto o público a oposição compondo com a situação? Não sabíamos na hora. E difícil seria explicar á todos os motivos de estarmos lá de mãos dadas. Ficou no mínimo estranho.
Uma Viagem no Tempo
Se reunir com os estudantes “engajados” é voltar ao tempo em que o Muro de Berlim continuava de pé. E foi exatamente essa a viagem que mais se parecia com minha ida até o bloco H, onde o evento se realizaria. Para os que conhecem, o bloco H é onde se mantém o curso de História, famoso por sua militância de esquerda. Conveniente aos organizadores do CONEUCS foi usar o auditório do bloco como plenário do evento. E foi assim que me vi cercado de todo tipo de esquerdista de ocasião. Desde o pessoal que é parte integrante da DS petista até os representantes da UNE passando pelos ultra-radicais do PSOL. Todos estavam lá.
Pela mesma situação passaram Gonçalo Peter, Wesley Rocha, Diogo Biano e Elias Vanin na noite de gala onde o evento foi aberto. Pelas anotações, que me foram passadas por Gonçalo Peter, o evento começou com uma breve explanação do presidente do DCE sobre como se daria o desenrolar do evento. De acordo com a programação entregue pela organização no “Caderno de Textos” consta que no Domingo, dia 6, as 4 horas da tarde, a Plenária Final seria interrompida para que o jogo Grêmio e Juventude, pela final do campeonato gaúcho, pudesse ser acompanhado pelos delegados gremistas do CONEUCS. Nas observações de Gonçalo, ficava evidente para o presidente do DCE que o evento que eles organizavam não era tão importante quanto uma partida de futebol. Cabe minha pergunta. Qual evento, seja la qual for, faz paradas para assitir campeonatos? Tão lamentável que foi, e tão verdadeira a afirmação de Gonçalo que no domingo a plenária final votou por retomar os trabalhos no sábado próximo, visto a urgência de se assitir a partida do Grêmio. É assim que eles trabalham, arranjando desculpas para não trabalhar.
Nas observações feitas por Peter consta que a mesa de abertura do CONEUCS era composta além do presidente do DCE e por demais membros por celebridades como o Deputado Estadual petista Padre Roque Grazziotin. Além dele, a coordenadora do curso de História, professora Maria Beatriz Pinheiro Machado.
Esquerdismo não é doeça. É chanchada
Deputado Roque é rosto notório nas reuniões do DCE. Deve ter alguma pitoresca influência na mente dessa gente. O vi, acompanhado da também deputada Marisa Formolo na época da Assembléia Geral do DCE. Deputado Roque é dado a se perder em seus discursos. Não sou testemunha daquilo que ele falou. Posso tão somente adivinhar do que falou. O relato de Peter nos permite supor que sua intenção primordial era dar ânimo aos estudantes ali reunidos, fazendo um discurso exaltando a importância do movimento estudantil na vida da sociedade brasileira. No entanto, pelo que conta Gonçalo, Deputado Roque tão logo entrou em seu assunto e desandou para atacar os ex-presidente FHC e seu governo. Não espero uma retórica profunda vinda de um petista. A única coisa que se espera é o devaneio servido em um pires raso. Deputado Roque não pode ser acusado de decepcionar ninguém. Em meio ao seu discurso sofrido, Gonçalo pode observar que alguns delegados começavam a deixar o local, entediados pela conversa mole ou simplesmente interessados por coisas mais fundamentais, como pegar o ônibus e ir para casa.
De acordo com o relato de Peter ainda foi mostrado um vídeo de 9 minutos, falando sobre a pobreza da África. Observem, caros leitores, que os assuntos abordados pelo CONEUCS são tão amplos que tornam o evento pueril. Até agora não sei a relação “Pobreza na África” com “Dever do Estudante da UCS”. O objetivo era nos fazer ficar preocupados? Se era foi atingido. Todos ficaram preocupados com a seriedade do evento.
Para a noite de abertura do CONEUCS, foi convidada uma ex-reitora da UFRGS. Seu não comparecimento obrigou a direção do evento convidar professora Maria Beatriz Pinheiro Machado. Pelo que conta Gonçalo a suposta urgência do convite pegou professora Maria de surpresa. Em pouco tempo não conseguiu preparar nada para sua manifestação. É de se compreender. Baseado nesses fatos é simples observar que há dois pontos em comum nesse CONEUCS. Primeiro: todos os palestrantes, fora Jayme Paviani, e Deputado Roque, que não consta na programação como tal, não compareceram ao evento, obrigando, portanto, a direção do mesmo a arrumar de última hora palestrantes substitutos ou vídeos do movimento estudantil para tomar os tempos vagos. Segundo: a desorganização no cronograma de datas e horários se tornou freqüente, fazendo certas plenárias começarem com mais de 1 hora de atraso.
Sobre o discurso da professora Gonçalo Peter destaca suas criticas a ONU, entidade que para ela, e para mim também, apesar de por motivos discordantes, “não existe”. A professora também afirmar que o aluno de faculdade entra nela “cedo demais”. Talvez professora seja pelo motivo de estarmos na idade onde melhor podemos usar os conhecimentos e a idade que melhor nos da oportunidade de os por em pratica com o tempo devido. Em meio a isso, Gonçalo observa que, ao contrário de professora Maria, que não se cansa, mais e mais delegados saem da abertura, saturados do trololó em piloto automático. Gonçalo Peter relata que ao fim de sua fala, a professora Maria Beatriz afirma que “...o conhecimento não deve ser focado, e sim distribuído em diversas áreas.” Por falar em conhecimentos, é notório que se abrir ao mesmo tempo em vários assuntos nos faz perder o foco e conhecimento profundo em todos. Ao que parece, professora Maria Beatriz prefere que todos saibam muito pouco sobre todos os assuntos. Para mim isso é democratizar o apedeutismo.
Texto de Guilherme Macalossi. Contribuição de Gonçalo Peter
Um comentário:
Que moral tu tem pra falar do CONEUCS... nem mesmo foi na plenaria final..
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